quarta-feira, 26 de junho de 2013

A Pipoca não é vegetariana.

Ora direis que fiquei louco e que decerto estou absurdamente sem noção. Mas eu lhe asseguro e Bilac não há de me deixar mentir, não perdi o senso. A Pipoca não é vegetariana, mas ama uma alface bem tenra. Se você ainda resiste à minha afirmação terminativa é porque não conhece a Pipoca como eu. Branquinha, saltitante e muito gostosa, eu ratifico - Não, a Pipoca definitivamente não é vegetariana.

Ela é pura energia, mas toda semana, aos sábados dia de lavar a Pipoca, diante da água ela murcha, fica bem miudinha, a doce Pipoca. Já vistes Pipoca enxaguada? Coisa esquisita, desmilinguida parece um sabugo desbotado, vistes? Mas qual, sequinha ou não, todos que a pegam se encantam e fazem-se crianças. Imagine se já não viu marmanjos e marmanjas, manhosos e manhosas gemendo “ownnnnnn”, “que delícia”, “ah, eu também quero”.

A Pipoca? Maliciosa, poderosa e saborosa, sabe o quanto é querida, desdenha e esnoba, pula de um lado para outro pensando que tudo pode, e pode muito. Até a vovó que jurou jamais a aceitar se rendeu ao seu sabor, ela é quente e suave. Combina com tudo de bom, fica bem em qualquer programa da família, parece que não podemos viver sem ela.

Minha filha leva a Pipoca até a escola, minha esposa a leva no mercado. No Ibirapuera, parque e praia de paulistanos não podem faltar, sorvete, água de coco e a Pipoca. Nos parques e nas praças, todo pombo gosta de milho, certo? Da Pipoca não gostam não.

Tudo de bom acontece em torno dela. Exceção nos bares, farmácias, hospitais e restaurantes, nesses lugares não se leva a Pipoca. Na feira livre? Você sabe que na feira livre gostamos de caldo de cana com limão, pastel de pizza com manjericão, tapioca de montão, mas a Pipoca está sempre à mão.  Falando de comida de novo? Ah, João! Por isso tu és forte, oh inválido esboço de um muro adiposo que espalha tua grandeza, farra açodada e adoçada de lipídios mil. Toma tenência.

Opa. Upa. Ufa. (Saindo do transe ou, surto, gastronômico.) Esta é a vantagem (?) de se escrever através de seu álter ego, o diálogo entre louco e divertido ganha dimensões napoleônicas. Desculpe-me leitor, o desvario, é que por vezes meus neurônios não multiplicam sinapses, mas parecem se consumir, uns aos outros numa louca fagocitose. Entende? Nós obesos pensamos gordo.


Além da Pipoca gostamos muito do Pudim e da Paçoca, um macho e uma fêmea de psitacídeos, os outros animais da família. Nossa pequena cadela, a Pipoca, é uma maltesa linda e graciosa que se não é a mais esperta das espécies caninas, esforça-se ao limite para nos encantar e bajular. Sensível, protege a vovó. Arteira chama todos a brincar. Gulosa come de tudo e, embora prefira um naco de perdigão à boa ração, vegetariana ela não é não.  

3 comentários:

  1. E a Pipoca não engorda, muito pelo contrário ajuda a emagrecer. O texto ficou ótimo tio, parabéns! beijos Ale

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  2. Achei ótimo!!!Estou encantada com esta tua verve!!!

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  3. Muuuito bom !!!Adorei.Bjs

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