Ora
direis que fiquei louco e que decerto estou absurdamente sem noção. Mas eu lhe
asseguro e Bilac não há de me deixar mentir, não perdi o senso. A Pipoca não é
vegetariana, mas ama uma alface bem tenra. Se você ainda resiste à minha
afirmação terminativa é porque não conhece a Pipoca como eu. Branquinha,
saltitante e muito gostosa, eu ratifico - Não, a Pipoca definitivamente não é
vegetariana.
Ela
é pura energia, mas toda semana, aos sábados dia de lavar a Pipoca, diante da
água ela murcha, fica bem miudinha, a doce Pipoca. Já vistes Pipoca enxaguada?
Coisa esquisita, desmilinguida parece um sabugo desbotado, vistes? Mas qual,
sequinha ou não, todos que a pegam se encantam e fazem-se crianças. Imagine se
já não viu marmanjos e marmanjas, manhosos e manhosas gemendo “ownnnnnn”, “que
delícia”, “ah, eu também quero”.
A
Pipoca? Maliciosa, poderosa e saborosa, sabe o quanto é querida, desdenha e
esnoba, pula de um lado para outro pensando que tudo pode, e pode muito. Até a
vovó que jurou jamais a aceitar se rendeu ao seu sabor, ela é quente e suave.
Combina com tudo de bom, fica bem em qualquer programa da família, parece que não
podemos viver sem ela.
Minha
filha leva a Pipoca até a escola, minha esposa a leva no mercado. No
Ibirapuera, parque e praia de paulistanos não podem faltar, sorvete, água de
coco e a Pipoca. Nos parques e nas praças, todo pombo gosta de milho, certo? Da
Pipoca não gostam não.
Tudo
de bom acontece em torno dela. Exceção nos bares, farmácias, hospitais e
restaurantes, nesses lugares não se leva a Pipoca. Na feira livre? Você sabe que
na feira livre gostamos de caldo de cana com limão, pastel de pizza com
manjericão, tapioca de montão, mas a Pipoca está sempre à mão. Falando de comida de novo? Ah, João! Por isso
tu és forte, oh inválido esboço de um muro adiposo que espalha tua grandeza,
farra açodada e adoçada de lipídios mil. Toma tenência.
Opa.
Upa. Ufa. (Saindo do transe ou, surto, gastronômico.) Esta é a vantagem (?) de
se escrever através de seu álter ego, o diálogo entre louco e divertido ganha
dimensões napoleônicas. Desculpe-me leitor, o desvario, é que por vezes meus
neurônios não multiplicam sinapses, mas parecem se consumir, uns aos outros
numa louca fagocitose. Entende? Nós obesos pensamos gordo.
Além
da Pipoca gostamos muito do Pudim e da Paçoca, um macho e uma fêmea de
psitacídeos, os outros animais da família. Nossa pequena cadela, a Pipoca, é uma
maltesa linda e graciosa que se não é a mais esperta das espécies caninas,
esforça-se ao limite para nos encantar e bajular. Sensível, protege a vovó.
Arteira chama todos a brincar. Gulosa come de tudo e, embora prefira um naco de
perdigão à boa ração, vegetariana ela não é não.
E a Pipoca não engorda, muito pelo contrário ajuda a emagrecer. O texto ficou ótimo tio, parabéns! beijos Ale
ResponderExcluirAchei ótimo!!!Estou encantada com esta tua verve!!!
ResponderExcluirMuuuito bom !!!Adorei.Bjs
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