terça-feira, 25 de junho de 2013

Ruivos do Vêneto encontram o eldorado entre rios de Caiapós.



Estimulado pela redação do texto “São Guerino do Dedo Verde” compartilhava impressões com um bom amigo quando lhe pedi que indicasse uma sugestão para uma nova narrativa. Gostou logo da ideia de variarmos sobre a origem de sua família.

A brincadeira ganhou fôlego e depois de uma consulta inicial às minhas fontes de pesquisa, vi que poderia extrapolar o material com diversas informações etimológicas e outras antropológicas. Umas dicas dele por aqui, uma foto antiga dos ‘nonos’ ali e muita investigação na web me permitiram elaborar este ensaio.

No rico e desenvolvido norte da Itália, no Nordeste neste caso mais específico, está situada a região do Vêneto, cuja capital Veneza é romântica e mundialmente conhecida. Estão lá outras Províncias bem conhecidas mas, um pouco mais para o campo, não tão longe do Adriático está a Província de Rovigo, origem do ramo paterno quase no meio do caminho entre Padova e Bologna, terra dos pais de sua progenitora. Poderíamos mesmo dizer que eram tutti paesano, vizinhos mesmo. 

Se do lado materno, os Galvani remetem à memória do muito importante cientista Luigi Galvani, cujas descobertas viabilizaram mais tarde a invenção da pilha e grande desenvolvimento e aplicação da eletricidade. Do lado paterno os Rossin, hipocorístico (modo suave e gentil) de Rossi, têm origem semelhante, como Rossini também. Rossini, Rossin ou simplesmente Rossi são derivações de “rosso” que no italiano significa vermelho, indicativo do cabelo avermelhado muito peculiar dos ruivos.

Ocorre que no fim do Século XIX, um pouco para se livrarem dos frequentes e recorrentes conflitos com o Império Austro-Húngaro que, muito provável, calcinou a economia do lugar e; Considerando a concomitante nova terra de oportunidades que o interior paulista se revelava e com o virtual eldorado para as pessoas idealistas e empreendedoras em perspectiva, lançaram-se ao mar para construir seu futuro, próximo de um rio preto. Região antes conhecida por seus moradores nativos, os índios Caiapós, como 'entre rios' uma área que, mais tarde, seria denominada como Ribeirão Preto.

Chegaram por lá, quase ao mesmo tempo em que o Dr. Henrique Dumont, engenheiro mineiro, pai de Alberto Santos Dumont por ali se estabelecia. Hilário, eu delirei imaginando o então jovem Abramo Rossin, franciscano imigrante italiano proseando com o adolescente e visionário filho do fazendeiro, enquanto ensinava o seu menino a fazer pipas e balões, inspirando de soslaio o futuro pai da aviação.

Franciscano devoto emprestou a um dos filhos os nomes dos dois baluartes do franciscanismo. O do próprio fundador da Ordem e o nome do Frei português que, contemporâneo e amigo do Francisco de Assis, foi canonizado como Santo Antônio. Viveu com entusiasmo em seu cantinho de chão, em Sertãozinho cercado de árvores próprias da região e que, dizem, de uma espécie de fruta que só existe no Brasil, a Jabuticaba tão apreciada pelos Caiapós.

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