Amante e amador de toda arte e
suas modalidades, música e teatro, pintura e escultura, literatura, prosa ou poesia,
dança, cinema e fotografia eu delirava, sempre, acerca da expressão “natureza
morta”. Própria da pintura e também presente na fotografia expressa e expõe seres
inanimados como flores e frutas ou objetos como vasos, garrafas e ânforas,
entre outros.
Tradição milenar ganhou corpo no
renascentismo enquadrando velas e caveiras para ilustrar os ciclos da natureza
e, diria, a efemeridade de nossa existência. Qual devaneio, saber-se o homem um
ser iludido de sua condição superior (?), sonhar controlar a natureza e
capturar sua dinâmica em imagens lindas, mas latentes.
Tão desconectado este animal
perdeu bastante as referências mais elementares e naturais que todos mamíferos -e, mais todos vertebrados e invertebrados, os insetos, as plantas e até os
vírus, singelos como proteínas- conhecem seu lugar no bioma. Controlador acredita
necessário sentir, pensar e agir pela sustentabilidade para preservar a
natureza.
Levanta-te ó bípede! Acorda deste
encantamento presunçoso. Não é a natureza, muito viva, que precisa ser
preservada, mas a humanidade. Desde bilhão de anos atrás, todo ser vivo que “não
entendeu” seu lugar, naturalmente falando, foi, é e será extinto. A natureza?
Criação inesgotável se renova e encontra soluções diferentes e melhores.
Estamos em 5774 no calendário
judaico, 4712 no calendário chinês, 2013 da era cristã e quase no fim de ano islâmico
de 1434. Não importa a referência, olvidamos a lição ancestral como lembra
anônimo provérbio oriental: “o que mais muda é o que mais fica” ou, se
preferires, pode optar por ouvir Lavoisier quando decreta “nada se cria, nada
se perde, tudo se transforma”. Se ainda não entendeu considere Darwin, ainda tão
odiado por surdos-míopes, que tenta ainda hoje, incansável, por ordem na casa,
simplificando, “nem a força, nem a inteligência, só os flexíveis prosperam”.
Confusos e inconformados em nossa
divina semelhança, invertemos sentidos e valores. Até o caipira mais caboclo
entende a serenidade paradoxal da expressão “mais muda, mais fica”. Nós,
intelectuais sabidos repetimos o ditado popular cantando como Bon Jovi:
“The more things change, the more they stay the same”
Se fores ainda mais sabido poderá
escolher sofrer no ditado original, em francês “plus ça change, plus c’est La même chose.”
Meu palpite!? Onde todos
veem sofrimento inclemente debaixo deste destino implacável, permita-se sentir
o mantra universal vibrando a unicidade natural em você. Muito esotérico? Consulte o físico Fritjof Capra em seu best seller "O tao da física".
Seja mais generoso com
a natureza para, menos ressentido, poder descobrir a beleza e a “grandeza” de
seres pó, para não se perder e que assim possa mais mudar e melhor ficar.